Para quem é a MarCha?

A REALIDADE SOCIOCULTURAL E RELIGIOSA DOS DESTINATARIOS

Antes de desenvolver o nosso projecto de intervenção com os jovens, apresentamos algumas das características que nos parecem mais relevantes na realidade sociocultural em que vivem os destinatários e algumas características dos adolescentes e jovens.  

  1.1.  Universo simbólico:

·  O corpo é um referente fundamental. Preocupam-se por mantê-lo em forma, pela sua imagem, pela sua saúde física… Valoram tudo o que produz sensações no corpo.

·  Concebem o futuro como uma ameaça. Instalados no imediato cada vez são menos os inclinados a construir projectos pessoais ou colectivos a largo prazo. Agarram-se com força ao presente e evitam os compromissos.

·  Durante a noite movem-se como “peixes na água”. É na noite que encontram um espaço próprio e distante do mundo adulto. Na noite o horário e tudo o que é convencional perdem a sua importância a favor da distensão e da desinibição de si mesmos.

·  Outro sinal dos tempos é o “zapping” (o instantâneo, provisório, multiforme, fácil e pleno de possibilidades de informação)

·  O chat e o telemóvel são os seus métodos para manterem-se “ligados”. Estes meios permitem-lhes viver um mundo muito pessoal, à margem do  mundo adulto, cujas linguagens próprias são alheias e por vezes incompreensíveis. Desenvolvem o seu próprio mundo, tecendo universos simbólicos e significativos.

  1.2.  Filosofia de vida:

·  Estão instalados na efemeridade. Tem valor o instantâneo, o sensitivo, o que cria grupo e comunicação directa.

·  A entrada na adolescência é anterior aos 12 anos e a saída é muito posterior, …aos 30?

·  Os seus modelos já não são líderes. No seu ambiente social muitos adultos delegam a sua responsabilidade educativa e muitos jovens vão conhecendo a vida por si mesmos, provocando assim personalidades desestabilizadas.

·  Há uma mudança profunda na vivencia da sexualidade, sobretudo em dois aspectos: a ruptura da ligação entre sexualidade e compromisso, que se está a ver substituída rapidamente pela ruptura entre a relação sexual e a afectividade; e a desaparição das linguagens morais e religiosas sobre a sexualidade dos seus universos simbólicos e axiológicos, substituídos por discursos higiénicos ou lúdicos.

·  Têm sede de felicidade, de ser amados, de amizade, de ser importantes, de autenticidade... de ser “eles mesmos”. É uma sede inconsciente que satisfazem de forma rápida e efémera, que lhes produz a sensação de satisfação.

·  A prolongação natural da vida faz perceber ao jovem que tem ainda muito tempo para comprometer-se.

  1.3.  Estruturas sociais:

·  A família é a estrutura mais próxima, onde os jovens, apesar dos seus distanciamentos e conflitos, encontram muitos elementos para sua vida.

·  Alguns vivem a ruptura da unidade familiar com consequências para a sua estabilidade afectiva pessoal.

·  Vivem uma sociedade plural, onde os diversos âmbitos se vivem de maneira dissociada.

·  O jovem sente-se cómodo participando em grupos pequenos, que tenha sido ela a escolher livremente.

 1.4.  Relação com o religioso:

·  Não ocorrem os processos “semiautomáticos” de socialização religiosa. Têm uma ignorância profunda da cultura religiosa, dos seus símbolos, manifestações e crenças, que, em geral,   importam-lhes muito pouco. Apesar disso, sentem-se como não religiosos.

·  A Igreja perdeu a sua liderança, não proporciona valores novos e o ambiente mediático faz com que a religião e a Igreja Católica ocupem um status permanente de suspeita y rejeição.

·  Às vezes entendem os “grupos e os seus animadores”  como representantes da Igreja e isto implica una certa prevenção.

·  Têm a capacidade de abertura a experiencias de interioridade  de 

encontro, de solidariedade e  de celebração, se estas são apresentadas e acompanhadas adequadamente.